Saturday, August 15, 2015

Part 49: (The Self Coupled and Satan--Harm, Pragmatism and the Social Self): Dialogues on a Philosophy for the Individual

(Pix (c) Larry Catá Backer 2015)


With this post Flora Sapio and I (and friends from time to time) continue an experiment in collaborative dialogue. The object is to approach the issue of philosophical inquiry from another, and perhaps more fundamentally ancient, manner. We begin, with this post, to develop a philosophy for the individual that itself is grounded on the negation of the isolated self as a basis for thought, and for elaboration. This conversation, like many of its kind, will develop naturally, in fits and starts. Your participation is encouraged. For ease of reading Flora Sapio is identified as (FS), and Larry Catá Backer as (LCB).

The friends continue their discussion in which  Betita Horn Pepulim responds to Flora Sapio and  Larry Catá Backer on pragmatism and the societal self, and Larry responds in turn, suggesting that even the most personal acts of the self, selfishness, can be understood as a societal concept not arising from but only through the self.


Contents: HERE.

BHP: Dear friends Larry and Flora, I quoted Stuart Mill, because he sought to combine utilitarianism with socialism, which consequently helped highlight the value of altruism, as a way to overcome selfishness. And I consider the true altruism a much needed quality to life in society.

I thought of Stuart and on altruism, why when we refer to any manner of torture, for me, we talking about in the deepest kind of human selfishness. And Stuart Mill, has always emphasized in with regard to principle of utility, the pursuit of happiness.

"Happiness understood as pleasure, and as no pain."

About what you said Larry: We are all creatures of the embedding of those judgements and values that have been injected into us from birth, it’s interesting, because Stuart was educated by his father (the philosopher and historian James Mill), who gave him a very strict formal education. And him never tried to hide this influence.

In relation to pragmatism, pragmatism has been accused of reducing truth to the utility.

Although many people criticize the pragmatism, he can never be considered a common philosophy.

The utility and practicality criteria, that the pragmatist philosophers defend, are essentially: life as human experience. In other words, the applicability of knowledge to the practical life.

The "problem" is that for pragmatism, knowledge happens through a non-intellectual attitude.

But we must not forget that pragmatism is a type of empiricism which is not tied to emotions and to observable facts, and scientific laws formulated through them.

The pragmatism withdraws the knowledge of the metaphysical plane and places it in the hands of individuals, linking it to what is useful to life. I emphasize that despite the pragmatism be empirical, he is not a kind of positivism.

About Foucault, for him, only an individual makes another possible and necessary individual. And each individual provides the template for the other. He argues that the discipline is the power that is exercised over the individual's body.

Foucault understands power as a social practice linked to a set of social relations. These relationships are not restricted to the government, but yes to the whole society, through a set of essential practices for the maintenance of the state. And it is these practices that shape our behaviors, our attitudes and our speeches.

Undoubtedly contemporary social institutions produce more flexible individuals than before. However, there is an internalized disciplinary logic, which even though she was out of a local control, the individual is still governed by a certain disciplinary logic that, for me, varies from individual to individual depending on their culture and, consequently, moral values. Which brings us the idea of self-management that has emerged between the anarchists of the nineteenth century as a result of the need to create mechanisms that would enable the deconstruction of the authority phenomenon. The self-management for anarchism and for the classics, especially in contemporary times, is a concept that is not restricted to economic output, it refers to also the social life of individuals. Today the self-management, it happens among others, in the micro-power environments, which is where interpersonal and inter-institutional relationships happens.

I see the self-management as an effort to create new practices and collective experiences. It can also function as a theoretical and operating device that allows us to question the existence of authority,as well as remove the characteristic of "natural" authority.

About the shade described by Jung, for me she's our "dark side".

Here, it is perfectly adequate the parable that says that everyone has a wild animal and a docile animal, within himself. That one that overlaps, is what was fed.

Caros amigos Larry e Flora, eu citei Stuart Mill, por que ele procurou combinar o utilitarismo com o socialismo, o que consequentemente ajudou a destacar o valor do altruísmo, como uma maneira de superar o egoísmo. E eu considero o verdadeiro altruísmo uma qualidade muito necessária à vida em sociedade. Eu pensei em Stuart e no altruísmo, por que quando nos referimos a qualquer forma de tortura, para mim estamos falando da forma mais profunda de egoísmo do ser humano. E Stuart Mill, sempre enfatizou no que tange ao princípio da utilidade, a busca da felicidade.

“Felicidade entendida como prazer, e como ausência de dor”.

Sobre o que você disse Larry: “Somos todos criaturas da incorporação dessas decisões e valores que foram injetadas em nós desde o nascimento’, é interessante, por que Stuart foi educado por seu pai (o filósofo e historiador James Mill), que lhe deu uma educação formal muito rigorosa. E ele não tentou esconder essa influência. Em relação ao pragmatismo, o pragmatismo já foi acusado de reduzir a verdade ao utilitário. Embora muitas pessoas o critiquem, o pragmatismo nunca pode ser considerado uma filosofia comum. Os critérios de utilidade e praticidade, que os filósofos pragmatistas defendem, são essencialmente: a vida como experiência humana. Em outras palavras, a aplicabilidade do conhecimento à vida prática.

O “problema” é que para o pragmatismo, o conhecimento acontece através de uma atitude não intelectual. Mas não devemos esquecer que o pragmatismo é um tipo de empirismo, que não é vinculado às emoções e aos fatos observáveis e às leis científicas formuladas através deles. O pragmatismo retira o conhecimento do plano metafísico e o coloca nas mãos dos indivíduos, vinculando-o ao que é útil para a vida. Ressalto que, apesar do pragmatismo ser empírico, ele não é uma espécie de positivismo.

Quanto a Foucault, para ele, somente um indivíduo torna um outro indivíduo possível e necessário. E cada indivíduo proporciona o modelo para o outro. Ele argumenta que a disciplina é o poder que é exercido sobre o corpo do indivíduo. Foucault entende o poder como uma prática social atrelada a um conjunto de relações sociais. Essas relações não são restritas ao governo, mas a toda sociedade através de um conjunto de práticas essenciais para a manutenção do Estado. E são estas práticas é que moldam os nossos comportamentos, as nossas atitudes e os nossos discursos.

Sem dúvida as instituições sociais contemporâneas produzem indivíduos mais flexíveis do que antes. Contudo, existe uma lógica disciplinar interiorizada, na qual mesmo que ela esteja fora de um local de controle, o indivíduo continua sendo governado por uma certa lógica disciplinar que, para mim, varia de indivíduo para indivíduo dependendo da sua cultura e consequentemente dos seus valores morais.

O que remete a ideia de autogestão que surgiu entre os anarquistas do século XIX como uma consequência da necessidade de criar mecanismos que possibilitassem a desconstrução do fenômeno da autoridade. Mas a autogestão para o anarquismo e para os clássicos, principalmente na contemporaneidade, é um conceito que não fica restrito a produção econômica, ela se estende, também, a vida social dos indivíduos. Hoje a autogestão acontece, entre outros, nas esferas do micropoder, que é onde as relações interpessoais e interinstitucionais surgem.

Eu vejo a autogestão como um esforço de criação de novas práticas e vivências coletivas. Ela também pode funcionar como um dispositivo teórico e operativo que permite questionar a existência da autoridade, bem como tirar a característica de “natural”da autoridade.

Sobre a sombra descrita por Jung, para mim ela é o nosso “lado escuro”.

Aqui vale aquela parábola que fala que todos tem um animal feroz e um animal dócil, dentro de si próprio. O que se sobrepõe é aquele que você alimenta.


LCB:  Well put Betita.  I have no objection to pragmatism and utilitarianism as social concepts, and as principled means of managing collective behaviors in ways that make such collectivity tolerable to the greatest number of people.  But the valuing of utility is itself a collective and subjective exercise, even when received from a Divine source.  Thus the individual cannot be a pragmatist except as an agent of the interpretive community within which his "individuality" is constrained and managed.
Altruism and selfishness, of course, are also contextual concepts.  They are impossible to understand in the absence of that conversation between my self and the societal self that constitutes myself.  It has always amused me that the human mania for compartmentalization tends to  be willfully blind to these semiotic bases for individual autonomy--and thus for its antithesis-- even as it reveals its workings.  I find Freud a comfort here--like other psychologists, perhaps starting with Nietzsche.  What are the id, ego and superego, after all? They are a reminder of the societal conversation we have with ourselves, which our own conceit makes out as a self dialogue, but which is its opposite.  The id and ego, the conscious and sub conscious "I", is understood only through the filter of the superego, the "we" in "I" that gives "I" meaning, if only by providing the conceptual tools for self consciousness and by providing those tools also constraining their use to those techniques and actions suitable for the tools provided.  I cannot use a hammer to clamp two boards together; I cannot even use a hammer to insert a screw.  I can, however, use it to hammer a nail.  When I hammer a screw I understand that I do wrong and that it will be interpreted as such, and that there may be consequences (not just to the project but also by the society in which I chose to hammer a screw).   As children that consequence involves correction by a parent or family member, as adults by friends, lovers, partners or even strangers.  The power of aggregated selves--as government or organizations (builders for example) may apply their power to discipline my mis-use of the hammer.  If I persist I will be punished, in some way, and others will deploy that punishment to reinforce the notion that an autonomous "I" would never use a hammer on a screw.   

Thus even selfishness can be understood as a societal concept.  One is encourage to be selfish sometimes--from the indulgence of a rich dessert while on a diet to the maxims of finance capitalism. The contours of selfishness, even the triggers for selfish acts, are societally managed.  They appear to be individual acts--and from a formal perspective they are.  But they are really individual expressions of collective self understandings.

Likewise, happiness is to a large extent a collective concept. How do I know I am happy?  First my mother tells me, then my father and siblings, then my extended family, my friends, my spoucse and children, my boss, etc.  It sis the interpretation of my circumstances and the resulting societal pronouncement of the the appropriate emotional response that primes us for selecting the appropriate emotion to match events.  Movies and before that novels do an excellent job of this collective training in the management and deployment of emotions.  And all of course within variation to individual taste.  But we tend to take these marginal variations as proof of the self, when indeed the opposite may be true. We express happiness differently, but we understand when such expression is to be exhibited.  And we understand that others will question us if we do not exhibit appropriate reactions at appropriate times.  Indeed, much of our psychological work involves  exhuming these deviations and when severe enough finding--in drugs and therapy--a means of disciplining the individual to better conform individual behavior to group expectations. 

It is in this sense that Satan has much to tell us, though of course veiled in the language appropriate to the religious expression of an ancient and quite complex societally constituted people. And it is in this sense that one values, as Jung did through color, this "dark" and shadowy--without substance and not for respectable society. And thus I agree with you that we all have a wild animal within.  That has been the topic of thousands of years of management--sometimes quite brilliant--through philosophy and the social and medical sciences.   It is in this agreement that I hope we might look more courageously at this "wildness" to see if it is possible to move beyond millennia of constrained knowledge to explore a wildness that might, within the small space it is permitted, quite tame. 

Bem colocado Betita. Eu não tenho nenhuma objeção ao pragmatismo e utilitarismo como conceitos sociais e meios como de princípios de gestão de comportamentos colectivos nas maneiras que fazem tal coletividade tolerável para o maior número de pessoas. Mas a valorização da utilidade é em si um exercício coletivo e subjetivo, mesmo quando recebidas de uma fonte divina. Assim, o indivíduo não pode ser um pragmático, exceto como um agente da comunidade interpretativa em que a sua "individualidade" é restrito e controlado.  O altruísmo e egoísmo, é claro, são também conceitos contextuais. Eles são impossíveis de entender na ausência de que a conversa entre a minha auto eo auto societal que me constitui. Ele sempre me divertiu que a mania humana para compartimentalização tende a ser deliberadamente cego a estas bases semióticas para a autonomia individual - e, portanto, para a sua antithesis-- mesmo tempo em que revela seu funcionamento. Acho que Freud um conforto aqui - como outros psicólogos, talvez começando com Nietzsche. O que são o id, ego e superego, afinal de contas? Eles são um lembrete da conversa social que temos com nós mesmos, qual a nossa própria vaidade torna-se como uma auto diálogo, mas que é o seu oposto. O id e ego, consciente e sub consciente "I", é entendida apenas através do filtro do superego, o "nós" em "eu" que dá "I" significado, mesmo que apenas por fornecer as ferramentas conceituais para a auto consciência e fornecendo essas ferramentas também restringindo seu uso para aquelas técnicas e ações adequadas para as ferramentas fornecidas. Eu não posso usar um martelo para apertar duas placas em conjunto; Eu não posso nem usar um martelo para inserir um parafuso. Posso, no entanto, usá-lo para pregar um prego. Quando eu pregar um parafuso Eu entendo que eu fiz de errado e que ele será interpretado como tal, e que pode haver consequências (e não apenas para o projeto, mas também pela sociedade em que eu escolhi para pregar um parafuso). Como as crianças que envolve consequência correção por um membro dos pais ou da família, como adultos por amigos, amantes, parceiros ou até mesmo estranhos. O poder dos mesmos agregados - como o governo ou organizações (construtores, por exemplo) podem aplicar o seu poder para disciplinar o meu mau uso do martelo. Se eu persistir vou ser punido, de alguma forma, e os outros vão implantar essa punição para reforçar a noção de que um autônomo "I" nunca usar um martelo em um parafuso.

Assim, mesmo egoísmo pode ser entendida como um conceito social. Um deles é incentivar ser egoísta, por vezes - a partir da indulgência de uma rica sobremesa enquanto em uma dieta para as máximas do capitalismo financeiro. Os contornos do egoísmo, mesmo os gatilhos para atos egoístas, são socialmente gestão. Eles parecem ser atos individuais - e do ponto de vista formal, eles estão. Mas eles são realmente expressões individuais de auto entendimentos coletivos.

Da mesma forma, alegria é, em grande medida, um conceito colectivo. Como eu sei que eu sou feliz? Primeiro minha mãe me diz, então meu pai e irmãos, então a minha família, meus amigos, minha spoucse e filhos, meu chefe, etc. sis a interpretação das minhas circunstâncias eo pronunciamento da sociedade resultante da resposta emocional apropriado que primes -nos para selecionar a emoção apropriada para combinar eventos. Filmes e antes que as novelas fazem um excelente trabalho deste treinamento coletivo na gestão e implantação de emoções. E tudo é claro dentro da variação ao gosto individual. Mas nós tendemos a tomar essas variações marginais como prova do eu, quando na verdade o oposto pode ser verdade. Expressamos a felicidade de maneira diferente, mas entendemos que tal expressão é para ser exibido. E nós compreendemos que os outros vão questionar-nos se nós não apresentam reações apropriadas em momentos apropriados. Na verdade, grande parte do nosso trabalho psicológico envolve a exumação esses desvios e quando achado bastante grave - em drogas e terapia - um meio de disciplinar o indivíduo a melhor conformar comportamento individual às expectativas do grupo.

É neste sentido que Satanás tem muito a nos dizer, embora, naturalmente velado na linguagem apropriada para a expressão religiosa de uma antiga e bastante complexas pessoas socialmente constituídos. E é neste sentido que um valores, como Jung fez através da cor, este "dark" e sombrio - sem substância e não para a sociedade respeitável. E, assim, eu concordo com você que todos nós temos um animal selvagem dentro. Esse tem sido o tema de milhares de anos de gestão - por vezes bastante brilhante - com sua filosofia e as ciências sociais e médicas. É neste acordo que eu espero que nós pode olhar com mais coragem neste "selvageria" para ver se é possível ir além milênios de conhecimento restrito a explorar uma selvageria que pode, dentro do pequeno espaço que é permitido, muito manso.

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